Caminhos dos Orixás

Os caminhos dos orixás não é uma linha reta, é uma grande encruzilhada. Muito se dizsobre Exu: o pai da comunicação, a boca que tudo come, o que primeiro chega e o último a sair,ele leva, ele traz. Criativo, exuberante e inteligente é com Exu que o povo nagô busca força paracompreender as questões humanas e não humanas, que forma o arquétipo sagrado de quem tudosabe, tudo vê e tudo compre

Da família Jeje, Nanã está no princípio e no fim de tudo e de todos. Seu domínio é a terra molhada (lama ou barro), os mangues, as chuvas, as sabedorias dos mais velhos, a ancestralidade. Se Xangô é o pai da Justiça, Nanã é a avó da justiça, sobretudo da justiça para as mulheres. Para falar com Omolú e com Egun Egun tens que recorrer a Nanã, só a ela, eles ouvem.

Caçador e agricultor Ogum é o deus do ferro, o guerreiro enérgico, forte, impulsivo e temperamental. Forjando o ferro no fogo, Ogum é aquele que sai na frente abrindo os caminhos para o progresso e a tecnologia. Representa a Ordem em si. Com ele não existe nada pela metade, quando ele vai para guerra é para vencer, e é incapaz de perdoar uma ofensa. Triunfa quando todos perderam as esperanças.

O primeiro caminho que os africanos cruzaram para chegar na diáspora foi o oceano. Quem venceu essa travessia, trouxe em sua memória (orí), os conhecimentos ancestrais, que só foi possível porque a grande mãe preservou os que conseguiram quem aqui pisou em terra firme. Se 3/4 do planeta é água, se 70% do nosso corpo é água, somos regidos pela força que Iemanjá emana.

As matas se abrem para que possamos conhecer Oxóssi: o caçador de uma flecha só. O provedor, o pai do conhecimento, da pesquisa, da investigação. Oxóssi é o nosso grande Pai Ancestral. É aquele que traz o alimento para casa, alimento esse que provém de uma caçada de esperança. Oxóssi é o trabalhador brasileiro que sai para caçar boas formas de se viver em um mundo que não nos quer.

Atotó significa silêncio, e com Omolu aprendemos o grande valor da palavra não falada. Silêncio para o povo nagô é o que tem de mais precioso. Seu domínio é a terra firme e sua grande qualidade é afastar as pragas, seja as materiais ou as imateriais, dos nossos caminhos. É com ele que o povo nagô aprende o valor da beleza escondida nas feridas e na sisudez da vida, e da cura da alma (psique).

Matriarca da nação Ijexá Oxum é a Ialodê, a chefe das mulheres do Mercado, a Educadora, a rainha, a mulher poderosa. Oxum encanta as águas dos rios e cachoeiras, adoça a vida das mulheres e homens que desejam ser pai ou mãe. Ela ensina a vencer guerras sem criar grandes conflitos. E é com Oxum que os nagôs aprendem a desconstruir o significado de vaidade, riqueza e amor.

Iansã, também chamada de Oyá é o Orixá dos ventos, e das tempestades. A força do feminismo contemporâneo. Guerreira, É de temperamento explosivo, irrequieta, e extrovertida. Curiosa e intrometida, autoritária, e sensual. Sua vontade tem que ser feita. Não consegue disfarçar a alegria ou a tristeza. Oya também é brisa, é leveza e movimenta o caminho de quem está sem saber o que fazer para caminhar.

Se você olhou para o céu hoje e viu um arco-íris, agradeça, você está sendo abraçado pelo orixá da riqueza, do infinito e da circularidade. Com sua luz colorida e cristalina, Oxumarê nos presenteia com a desconstrução do gênero e da sexualidade. Para o povo nagô a palavra de ordem é a não-binaridade de gênero. A dualidade ocidental não cabe na concepção de mundo do povo nagô.

Criador do homem, senhor absoluto do princípio da vida, da respiração, da sabedoria, da paz, da harmonia, da perfeição moral, do ar, Oxalá é chamado de o grande orixá. Divindade muito generosa e sempre disposta a ajudar. Se apresenta de duas formas: Oxaguiã, jovem guerreiro, e Oxalufã, velho apoiado num bastão de prata chamado opachorô.

Os Ibejis são os espíritos das crianças que nunca morreram. Destinados a trazer a felicidade e o longevidade, nesse episódio contamos como os Ibejis enganou Iku (a morte) e garantiu que as pessoas tivessem seu tempo acordado aqui no Ayê. Os Ibejis são as crianças que gente velha respeita. As crianças que pedimos bênçãos com a garantia que se eles derem sua palavra, ela será cumprida.

A água, o vento, o sol, toda a natureza é sagrada para os Yorùbás. Dentro do candomblé, as folhas são elementos primordiais para o acontecimento do culto. Porque é através da magia terapêutica das folhas, que o axé acontece. Ossain é o orixá que traz o princípio ativo das folhas e as usa para curar. Ko sí Ewé, Ko sí Orisa (Sem folha, não há Orixá)!

Xangô, senhor da justiça. O Orixá mais civilizatório de toda a região yorubá. Em Oyó, Xangô é a primeira e última pessoa a ser consultada. Aqui no Brasil, nos terreiros de Ketu, sua palavra também tem uma extrema importância, trazendo para o ilê axé a diplomacia, a liderança, a resolução de conflitos e a perseverança da comunidade.

Se você gosta de contemplar o pôr do sol, se tens dificuldade de ver o dia amanhecer por que a neblina não permitiu, você teve um encontro com Ewá. Sua essência é a vida em potência, mas uma vida regada de mistério. Senhora dos mistérios, Ewá enganou Ikú e livrou Orunmilá da morte. Os itans que a descreve, a colocam como uma das divindades mais bela, rica e misteriosa.

Filho de Oxum e Oxóssi, Logun Edé traz as características dos dois. Um dos Orixás Meta, ele é ao mesmo tempo o feminino e o masculino. Com Logun Edé o povo nagô responde a sua comunidade que temos em nossa caminhada, aqui no ayê (terra), tudo que aprendemos e herdamos de nossa família. O encontro das águas com as matas, do masculino com o feminino também faz parte da nossa essência humana.

Iroko é o Orixá da árvore, a árvore Orixá, que presencia a passagem das gerações, trazendo o tempo, como um dos seus atributos. Orixá raro nos terreiros de candomblé. Ele que é a ligação do Orum com o Ayê, nos mantendo conectados com os que passaram antes de nós, não nos reconhece pela voz e sim pelo toque, pelo sentimento.